Quando ouço a frase: “não se faz mais pessoas como
antigamente”, tenho receio que isso seja, de fato, verdade. Não há mais
preocupação pelo bem estar do próximo, mesmo se essa for uma grávida, uma mãe
com criança de colo ou um idoso no metrô. Só há preocupação com o que é alheio
quando nele há algum interesse ou alguma fofoca.
Não há mais “bom dia”, a não ser que seja o seu chefe
entrando pela sala, ou mesmo um “desculpe” por uma esbarrada acidental. No
entanto, há reclamações, insultos e caras feias aos montes.
Sobram as coisas ruins, os valores adquiridos por uma
sociedade subestimada. Faltam os valores que ainda restavam em nossos avós e
que deveriam caber em nós.
A sociedade perdeu a noção das pequenas coisas a partir do
momento em que preferiu esquecer a noção das grandes.
Beijam desconhecidos, não fazem mais amor, noitadas e
bebedeiras são mais preferidas do que comprometimento e cumplicidade. Não se
tem mais noção de que as pessoas são de carne e osso e sentem, choram,
lamentam.
Amar virou piada. Um casal que se leva a sério é motivo de
chacota.
Pessoas fingem se comprometer com outras. O comprometimento
só dura quando estão perto, pois qualquer balada ou qualquer pessoa pode por
muito pouco, dissipá-lo, basta este outro ter uma bunda ou um tórax bonito.
O que vale é quantidade e não qualidade.
Perderam a noção do que é grande. E reclamam quando são
cutucados no ônibus, ou quando alguém joga lixo no chão. As pessoas não
perderam o amor ao próximo perderam amor por elas mesmas. Ninguém dá aquilo que
não tem.